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Por Sergio Goncalves

LISBOA, 1 Jun (Reuters) - O Novo Banco,finalmente expurgado do legado tóxico que herdou do colapso do Banco Espírito Santo, vai concentrar-se na geração de lucros e de capital, visando aumentar o valor das participações de seus acionistas, disse o CEO António Ramalho à Reuters.

O banco, controlado pelo fundo de private equity americano Lone Star, baudasreceitas reportou 70,1 milhões de euros em lucro trimestral e um salto de 12% em sua receita líquida de juros na segunda-feira, depois de sofrer bilhões de euros em prejuízos consecutivas desde seu resgate em 2014.

"Apresentámos o nosso primeiro resultado trimestral positivo, que será um de vários trimestres de resultados positivos, após um período de significativa reestruturação que se iniciou em 2014," disse Ramalho em entrevista à Reuters.

"Agora a nossa prioridade, o que nos orienta e inspira, é aumentar o valor do Novo Banco, a sua rentabilidade e gerar capital (internamente)", afirmou o CEO.

O quarto maior banco português é detido em 75% pelo Lone star desde 2017 e os restantes 25% pelo Fundo de Resolução apoiado pelo Estado, que desde então injectou 3 mil milhões de euros no capital do banco, apesar da forte controvérsia política.

NORMALIDADE

Ele disse que "o banco entrou numa fase diferente da sua vida, uma fase de normalização total, de rentabilidade e eficiência".

"Foi para isso que toda a reestruturação foi feita. Nesta nova fase, é crucial a valorização das participações dos nossos accionistas - o Fundo de Resolução e a Lone Star", disse ele.

O CEO disse que o Novo Banco "cumpriu todos os objectivos de limpeza do balanço" dos activos tóxicos do BES e de redução do risco na dura reestruturação acordada entre o Governo português e a Comissão Europeia.

O Novo Banco tem vindo a vender malparado, imóveis e activos 'non core', e vendeu 15 operações bancárias no estrangeiro, incluindo o seu banco em Espanha, e está focado no seu mercado doméstico em Portugal.

Ramalho "espera também cumprir os objectivos de viabilidade, rentabilidade e eficiência estabelecidos para este ano", que Bruxelas irá avaliar no final de 2021.

"Todos os indicadores de rentabilidade, capacidade de gerar lucros e eficiência indicam que podemos estar confortáveis e confiantes de que sairemos definitivamente desse processo de reestruturação em 31 de dezembro de 2021", disse Ramalho.

CORTA MALPARADO

O rácio de 'non performing loans' caiu para 8% do crédito total em março, contra 11,1% há um ano atrás e mais de 33% em 2017 e "o banco quer chegar a 5% até o final deste ano - o nível médio do sector em Portugal", referiu Ramalho.

"Esta será a 'cereja em cima do bolo' - deixaríamos evidente que o balanço, a conta de resultados, do Novo Banco é credível e poríamos fim a quaisquer dúvidas sobre o legado do BES", disse.

O CEO disse que o fim das moratórias bancárias em 31 de Setembro "é apenas uma prioridade, não é uma ansiedade, nem nenhum drama".

"Acho que o podemos fazer de uma forma adequada e serena. Não há, neste momento, nenhum sintoma de grande pressão", disse.

Quanto à eficiência, Ramalho afirmou que depois do rácio cost-to-income do Novo Banco ter caído para 49,3% em março, face a 54,7% há um ano, o banco quer diminuí-lo muito mais.

"Queremos baixá-lo para menos de 47% em dezembro ... e perto de 40% em 2023", disse ele, realçando que o forte compromisso do banco com a digitalização vai permitir isso.

CONSOLIDAÇÃO?

Analistas têm especulado que o Novo Banco poderia eventualmente ser envolvido numa onda de consolidação do sector bancário doméstico, mas Ramalho disse que "o sistema bancário em Portugal está ainda na fase da sua reinvenção, não na fase de fusões imediatas".

"Podemos estar lá em dois anos. O Novo Banco estará sempre disponível para analisar todas as opções. O banco está disponível para crescer em Portugal e isso é um ponto importante", concluiu.

Afirmou que "hoje em dia as operações de M&A são operações de accionistas e é sempre um assunto que cabe aos accionistas decidir", destacando que a CGD é estatal, o BPI e o Santander Portugal são detidos por bancos espanhóis e o Millennium bcp tem dois accionistas de referência estrangeiros.

"Quando entrarmos outra vez num processo de crescimento, com a normalização das taxas de juro, com novos planos de investimento público e privados conjugados isso dar-nos-á uma melhor perspectiva qual vai ser o futuro," concluiu.

(Por Sérgio Gonçalves, Editado por Nathan Allen e Victoria Waldersee)

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